Irritados, lojistas do JK discutem estratégia


Nos últimos dias, subiu o tom de insatisfação de lojistas do shopping JK Iguatemi em relação ao atraso na abertura do empreendimento, localizado na zona oeste de São Paulo. O shopping, controlado pela Iguatemi Empresa de Shopping Centers e pela WTorre, deveria ter sido aberto há 36 dias, em 19 de abril, mas ainda depende de liberação da Prefeitura de São Paulo.


O Valor apurou que a matriz de duas redes de varejo estrangeiras, Sephora e Topshop, têm solicitado informações sobre o atraso diretamente ao Iguatemi, em vez de deixar a negociação apenas na mão de seus escritórios locais. Em relatório de resultados aos investidores, a LVMH, dona da Sephora, informou que a abertura do shopping em São Paulo não tem data. "Será em breve", resume. "O desconforto passou à irritação", conta um diretor de uma das cadeias estrangeiras existentes no JK - são 22 lojistas de grupos internacionais que têm a sua primeira loja no Brasil a ser aberta no empreendimento.

"Eles [Iguatemi] enviam cartas ou e-mails toda a semana. Informam que a prefeitura diz que a liberação sai em alguns dias. E os dias passam e depois, novamente, dizem que sai em alguns dias. Estamos assim", conta um executivo que comanda uma rede. Está em discussão, neste momento, a possibilidade de que o shopping seja aberto com uma megaliquidação para queimar estoques que estão parados nas lojas, apurou o Valor com lojistas.

Parte das redes, principalmente aquelas ligadas à área de vestuário e calçados, defende a estratégia, mas algumas empresas, basicamente grifes de luxo, entendem que "fazer isso logo na abertura pode ter um efeito negativo na imagem do shopping", disse um lojista ontem. No caso de uma megaliquidação em todo o shopping, o sócio Iguatemi precisa concordar com a ação.

De acordo com fontes que estiveram nos corredores do JK Iguatemi nesta semana, alguns poucos varejistas decidiram abrir as suas lojas no horário de funcionamento do shopping - apesar do empreendimento estar fechado. Isso é comum nos casos em que a rede precisa criar uma prova de que estava aberta para operar na data prometida de entrega do shopping. Com isso caracterizado, caso a empresa decida processar os controladores na Justiça pelo atraso, ela já produziu uma prova que possa ser usada futuramente.

A WTorre e o Iguatemi informam que, apesar da insatisfação dos lojistas, a relação entre as partes está tranquila. Reforçam que os sócios tomaram as medidas necessárias para que a abertura acontecesse na data prevista. No entanto, nos corredores, Walter Torre, dono da WTorre, comenta que não descarta a possibilidade de a empresa ser acionada na Justiça pelas redes.

Nos últimos contatos com varejistas, a área comercial do Iguatemi comunicou as redes que há chances de a abertura acontecer em 30 ou 31 de maio, apurou o Valor com lojistas que receberam a informação, sem mais detalhes. O Iguatemi não confirma a data.

Até o fechamento desta edição, ainda não havia sido concedido o termo de liberação para abertura do JK. O prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, teria comentado informalmente que o Termo de Recebimento de Aceitação Parcial (TRAP) sairia em "alguns dias, ainda nesta semana". Com o TRAP, é possível abrir o Iguatemi JK antes do término da construção de um viaduto na região. Em abril, a Justiça de São Paulo proibiu a abertura do shopping porque ações que iriam mitigar o trânsito no local não foram tomadas.

Fonte: Valor.com.br

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