Executivos do setor de shopping centers ouvidos ontem
informaram que o repique na inadimplência dos empreendimentos nos primeiros
três meses do ano se estendeu por abril, mês em que foi mantido o mesmo patamar
de inadimplência verificado em março. Mas o mercado acredita que a alta pode
ser pontual, com recuperação nos indicadores em maio e junho. Os aluguéis são
pagos no fim do mês. É possível, portanto, ter uma ideia melhor sobre
desempenho de maio dentro de alguns dias.
"A expectativa é que neste mês e em junho, com as
comemorações do Dia das Mães e do Dia dos Namorados, isso tende a ir se
reduzindo. Aí é possível fecharmos o segundo trimestre num patamar
melhor", conta um diretor de uma das empresas. Para o comando da Alshop, a
elevação pode ser pontual, mas preocupa. "É preciso ficar atento a isso
nos próximos meses", disse Nabil Sayon, presidente da Associação
Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop).
Segundo Sayon, a dificuldade de reação nas vendas de
segmentos como eletrodomésticos afeta a receita das lojas num período em que
despesas das varejistas (como fundo promocional e condomínio) nesses
empreendimentos supera 10% das vendas. Os custos de ocupação nos shoppings no
país variaram de 11% a 14% no primeiro trimestre de 2012. Há três anos,
variavam de 10% a 12%. Nos EUA, a faixa está em 15%.
Na avaliação da associação dos lojistas, o repique na
inadimplência de lojistas neste ano ainda pode ser explicado pelo esgotamento
no ritmo de crescimento de algumas praças. "Há cidades que não comportam
três shoppings. Não é algo sustentável, aí a venda cai e o lojista tem
dificuldade de arcar com certas despesas", disse Sayon.
De acordo com relatórios de resultados das empresas, de
janeiro a março, a taxa de atrasos nos pagamentos do Iguatemi atingiu 5%,
superior aos 3,1% de igual intervalo de 2011. Índice superior a esse só foi
verificado no início de 2009. Em conversas com analistas, a diretoria do
Iguatemi informou que, no período, alguns lojistas não pagaram o boleto do
aluguel até a data de vencimento, mas o atraso não teria superado 30 dias.
Na BRMalls, o índice passou de 3,6% no início de 2011
para 4,6% no mesmo intervalo de 2012 - maior alta desde 2009. Na Multiplan, a
taxa passou de 1,7% para 2,1%, mas a perda total com aluguel (aquilo que a
empresa acha que não será mais recuperado) teve leve queda - passou de 0,4%
para 0,3%. No Sonae Sierra, a taxa subiu de 2,2% para 2,6%. A Aliansce foi a
única com queda nos atrasos.
O Iguatemi, a BRMalls e a Sonae Sierra não se
manisfetaram sobre o assunto. A Multiplan informa em nota que "este
comportamento [alta nos atrasos] é normal, em particular quando há a
incorporação de novas áreas ao portfolio", e completou: "Em termos de
série histórica, a taxa continua com tendência de queda"
Fonte: Valor.com.br
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